por Eliel Rezende
Maio 2019
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Ponto de Vista
Kátia Tramontano
Professora
Assessora Pedagógica
Mestra em Educação



ktmingarelli@hotmail.com
DO FOME ZERO A TODO MUNDO COM FOME
No primeiro dia de governo, em 1º de janeiro de 2003, Lula anunciava que sua prioridade era garantir que todos os brasileiros tomassem café da manhã, almoçassem e jantassem todos os dias. Onze anos depois, em 2014, a ONU informava que o país estava oficialmente fora do Mapa da Fome.
No primeiro dia de governo, em 1º de janeiro de 2019, Jair Bolsonaro anunciava o fim do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), criado por Lula. Três anos e meio depois, no dia 8 de junho de 2022, a Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) informa que o país regrediu 30 anos e tem mais famintos do que tinha em 1993.
Neste momento, 33 milhões de pessoas passam fome no país. A pesquisa feita pela Rede Penssan mostrou que 6 a cada 10 brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar. São 125,2 milhões de pessoas nesta situação, um aumento de 60% na comparação com 2018.
Se o cenário geral já é grave, quando se trata das mulheres a situação é ainda mais calamitosa. O levantamento revelou que um em cada cinco lares chefiados por mulheres estão passando fome.
Não foi a pandemia que trouxe a fome de volta. Foi o desmonte das políticas públicas. Bolsonaro desperdiçou a estrutura de proteção social que poderia ter garantido ao país enfrentar a pandemia sem fome, e o Instituto Gallup apontou recentemente que o Brasil tem hoje um índice de famintos mais alto que a média mundial.
A fome acabou no Brasil na década passada porque, nos governos do PT, o salário mínimo teve aumento real de mais de 70%, mais de 20 milhões de empregos foram criados, estoques de alimentos eram feitos para impedir a disparada de preços, os agricultores familiares recebiam incentivo para que não deixassem de produzir os alimentos básicos. Tudo isso foi desmontado.
E o resultado, infelizmente, não poderia ser diferente: do Fome Zero a 33 milhões com fome. Pessoas que além da fome orgânica, têm fome de justiça, de esperança em ter um país melhor. Que logo todas essas fomes sejam saciadas.
Um abraço e até a próxima semana!