As Oficinas Culturais de Vinhedo oferecem 30 modalidades de curso e contam com a participação de 890 alunos e com o avanço da vacinação e a diminuição dos casos de Covid-19, as aulas presenciais foram retomadas em Vinhedo. O Jornal Tribuna, preparou uma série de entrevistas com os artes-educadores das oficinas culturais. Nesta semana, vamos conhecer a história Mayra Lerro Taves Bombacini, Arte-Educadora nas oficinas de Mosaico em Tecido 3D.
Jornal Tribuna (JT): Qual o seu nome completo?
(MB): Mayra Lerro Taves Bombacini.
(JT): Você é natural de Vinhedo?
(MB): Eu sou nascida em São Paulo, mas desde pequena frequento Vinhedo, porque meus avós sempre moraram aqui. Nas férias escolares ficava matutando como faria para me mudar pra Vinhedo de vez, a primeira atitude foi tirar meu título de eleitor, logo as 16 anos já votava aqui e depois me mudei em definitivo para fazer Universidade.
(JT): Qual a sua formação? Conte-nos um pouco de sua trajetória profissional.
(MB): Sou graduada em arquitetura pela PUC Campinas, e sempre flertei com as artes. O que mais amava na faculdade era fazer maquetes, o meu avô , Bruno Penso, era escultor, e aconselhada por ele, eu escolhi a arquitetura por ser um caminho mais artístico. Depois de atuar anos como arquiteta, migrei para restauração, e foi em Ouro Preto/MG, que me formei técnica em restauro, onde tive o prazer de restaurar igrejas, teatros e ainda em Minas Gerais trabalhei no Museu de Arte Contemporânea, o INHOTIM. Mas, ainda, sentia que precisava ir além, então, eu voltei para Vinhedo e comecei a trabalhar como artista visual autônoma. Em 2016, criei essa técnica autoral que é o mosaico em tecido 3D, muitos me perguntam como tive essa ideia de misturar tecidos e espuma vinilica, até hoje não sei exatamente, o que eu buscava era algo que me identificasse, e acho que está dando certo. Para matar a curiosidade podem ver todos meus trabalhos em meu Instagram @leve.arte. Pela Secretaria de Cultura de Vinhedo fui, duas vezes, convidada a participar da exposição de arte, Coletiva Vinhedo, e para minha felicidade a receptividade foi tão grande que me inscrevi no edital da Prefeitura para ensinar minha técnica nas oficinas livres. Em paralelo, tenho minha empresa, onde crio quadros e peças sob encomenda para todo país.
(JT): Qual oficina cultural você ensina na Prefeitura de Vinhedo e há quanto tempo?
(MB): O nome da minha oficina é Mosaico em Tecido 3D, por ser uma técnica inédita e autoral, ela vem sendo oferecida desde setembro desse ano. Muitos inscritos vieram por curiosidade, e o mais interessante que todos alunos conseguem desenvolver um trabalho bem bacana. Como eu falei, anteriormente, é uma técnica que eu desenvolvi, sendo, basicamente, a construção de figuras com retalhos de tecido e espuma vinilica (E.V.A. escolar). O trabalho dá um efeito bidimensional e estético muito rico, pela mistura de cores e estampas dos retalhos de tecido, daí o nome mosaico em tecido 3D. O material tem preço muito acessível, assim qualquer aluno consegue participar. A oficina é para pessoas a partir de 16 anos, sem limite de idade. Embora a maioria seja mais madura, a evolução dos alunos é evidente tanto na parte criativa, quanto na coordenação motora fina, que exige um pouquinho mais de atenção. Independente da idade, a cada dia, eles estão com mais autonomia.
(JT): Como está sendo a retomada das atividades presenciais?
(MB): Sem dúvida, muito especial, não só para mim, mas aos alunos também, esse severo período de isolamento foi muito desgastante. A cultura só existe com pessoas, a arte só tem sentido com espectadores. E essa troca que acontece nas oficinas é muito saudável, sinto que as pessoas depois desse período de reclusão, estão querendo se expressar mais, estão mais livres e com menos amarras em relação ao que elas podem criar.
(JT): De onde surgiu seu interesse em atuar como oficineira?
(MB): Quem plantou a sementinha da oficineira em mim, foi o ceramista e, também, professor das oficinas Rogério Carvalho. Sou aluna dele e a seu convite ministrei um workshop. Foi uma grande surpresa a receptividade dos alunos e o prazer que senti em passar meus conhecimentos, respeitando o processo criativo e auxiliando a cada um deles. Juntamente a isso, muitos dos meus seguidores (@leve.arte) queriam aprender o que eu fazia, uma coisa leva a outra, e aqui estou, feliz em ensinar.
(JT): O que você considera ser a chave para o sucesso do aprendizado?
(MB): Na verdade, é a disposição de cada um. Creio que todo mundo que se inscreve numa oficina cultural já está com esse meio caminho andado, mesmo que algumas procurem por indicação terapêutica, a maioria tem o desejo de desenvolver seu lado criativo. Ainda assim, muitos não se consideram criativos ou habilidosos, uma besteira. Para aprender algo novo , a pessoa tem que estar aberta, disposta ,livre de preconceitos, sem esses traumas de que eu não consigo! Eu não tenho criatividade! Quando se trata de processo criativo não existe certo ou errado. A verdadeira chave do sucesso é se permitir!
(JT): Para encerrar, deixe uma mensagem aos vinhedenses.
(MB): A mensagem que eu quero deixar é que Vinhedo possui uma produção artística riquíssima, porém, pouco explorada, e que existe um coletivo de artistas que desde 2010 vem trabalhando em prol da Arte e sua divulgação, o Cultiva Cultura, no Instagram do @cultivacultura tem muita informação, além, claro, das redes sociais Secretaria de Cultura e a minha @leve.arte. Um último recado é que ano que vem tem mais oficinas de Mosaico em Tecido 3d e eu estarei esperando vocês!
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